Sobre 2 patas e 4 rodas

Essa semana estou de folga. Então é uma boa oportunidade para ir ao médico, almoçar fora (durante a semana, na hora do almoço, todos os restaurantes são mais baratos do que à noite, ou nos finais de semana), passear de carro sem pressa de voltar pra casa. Mas isso só dá pra fazer sem levar a cachorrada junto.

A Kika não tem paciência de ficar muito tempo na rua. Ela até gosta de passear de carro, mas logo quer voltar pra casa. Eu já "sinto" o humor dela quando tá na hora de voltar. E o Foguinho... bem, esse eu acho que poderia ficar na rua 24 horas, 7 dias na semana, que nem iria sentir. Fala com todo mundo, quer ir no colo de qualquer um, late para todos os cachorros e quer cheirar todos e tudo. É um inferno andar com ele na rua!

Então ontem e hoje foi a vez dos cães de duas "patas" passearem sobre as 4 rodas. Fui ao oftalmologista e hoje ao dermatologista. Amanhã quero ir ao calista. Até o final da semana terei ido a todos os especialistas possíveis.

Mas como nem só de veterinário, ops... eu quis dizer, médico, a gente vive, entre um consultório, as farmácias e os restaurantes, a gente dá umas escapadas por lugares legais.

Ontem visitamos pela primeira vez a nova Livraria da Travessa, no BarraShopping. É um SONHO de lugar. Acho que o Céu deve ser assim. Principalmente numa segunda-feira à tarde, com o sol entrando pelas janelas e o lugar vazio de pessoas, só livros e mais livros (além de uns tantos DVDS...) e aquele ar de "local sagrado" que só as livrarias conseguem ter. Adorei.

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Reunidos

Aos poucos, bem aos poucos, a gente vai entrando nos eixos. Eu tento aproximá-los especialmente nos momentos felizes, para que ela o associe a coisas boas e rosne menos para ele. Ainda não chegamos lá. ;^)

Nossa primeira foto em conjunto, todos reunidos:

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A transformação

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Quando eu era criança eu morria de medo de cachorro. Lembro de termos tido duas cadelas da raça pequinês mas deve ter sido por uma semana. A mãe, Laika, era preta e calma, carinhosa e ficava na dela. Eu gostava dela. A filha, Wandeka (que nome...), era cor de mel (na minha memória) e era uma "pestinha", corria e pulava o tempo todo, para todos os lados. Me lembro quando ela chegou e eu subi na lata de lixo (um latão grande, com tampa) e fiquei lá, com medo da cachorra.

Lembro também quando fui à minha primeira aula de inglês e um cachorro que vivia no pátio do colégio veio brincar comigo e eu achei que ele queria me morder. Tive uma crise de choro de puro pânico. Eu tinha 10 anos. Esse "pânico" durou anos.

Depois, já "burro velho" eu comecei a sentir algo diferente pelo vira-latas que meus pais adotaram (ou que adotou meus pais, melhor dizendo). Ele já era adulto e era super popular em todas as casas lá na praia onde meus pais moram. Mas resolveu adotar meus pais e viver com eles. A casa dos meus pais não tinha muro e o Chulim (meu pai deu esse nome) saía pra passear mas voltava sempre, até o dia em que não saiu mais. Minha mãe começou a dar banhos nele, remédio etc e tal. Virou membro da família. Ele nunca entrava em casa, mas no Natal e no Ano Novo o pobre Chulim sofria. Às vezes ele desaparecia na hora dos fogos e só o víamos no dia seguinte. Mas depois, mais velho e inserido na família, a gente deixava ele entrar em casa e ele ia se esconder embaixo da mesinha de cabeceira do quarto dos meus pais. Eu largava a festa e ia lá ficar com ele. Tapava os ouvidos dele com as mãos e dizia, "Tá tudo bem, Chulim. Não se preocupe que já vai passar." Como ele vivia fugindo pra ir "namorar" e perambular pela rua os banhos não tinham uma duração muito boa e normalmente ele fedia horrores. Mas isso não me preocupava naquelas horas. Eu só queria confortá-lo.

E assim foi até que eu me casei e cedi às tentações de ter um filhote. Resolvi que uma fêmea era o ideal e que Cocker Spaniel era "a raça". Quando trouxe a Kikinha de surpresa para casa ela tinha uns dois ou três meses e era a coisa MAIS LINDA DO MUNDO (a foto acima é dessa época). Eu tinha sido transformado, através do meu amor por uma pessoa, em um amante inveterado de cães e a Kikinha foi o mais perfeito canal para me fazer perder todos os medos e baixar todas as guardas em relação aos cães de qualquer raça, tamanho ou origem.

Hoje eu olho todos, faço carinho em um monte deles, em vários lugares, converso e me preocupo com o bem estar de todos. Não tem amor mais puro, desinteressado e gratificante. No caso da Kika eu arrisco dizer que poucas vezes senti uma ligação tão forte, talvez com duas ou três pessoas, a minha vida toda. É uma benção, não tenho dúvidas.

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O Convívio

Quando ele chegou aqui ela já era a dona do pedaço há muito tempo. Ele trouxe alegria, agitação, leveza (4kg e meio contra os 12kg e tanto dela) e uma carência enoooorme. Ela já está entrando numa fase que pode ser considerada "senior", mais ou menos como eu. ;^)

Ela quer sossego, quer carinhos mas não por muito tempo, quer sair para suas caminhadas sem um "moleque" pulando em cima dela, quer comer sua ração no seu canto e latir para quem aparecer no corredor e voltar resmungando para se deitar aos meus pés novamente.

Ele quer brincar O TEMPO TODO. Fica enlouquecido atrás da bolinha azul que quica (Kika?) para lá e para cá, sem parar. A curiosidade dele parece ser infinita e tudo é motivo para cheiros profundos e duradouros. Só late quando a bolinha fica presa embaixo do fogão ou da máquina de lavar roupa, mas sua energia parece não ter fim.

Nosso desafio hoje é fazer com que eles convivam em harmonia. Todas as vezes que ele chega perto dela, os rosnados dela ficam mais intensos e outro dia tivemos uma tentativa de mordida que nos gelou os ossos.

A melhor hora, na minha opinião, é quando ele dorme (ou cai de cansaço) e a gente tem alguns minutos de paz.

Acho que ser pai é exatamente assim, não?

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A volta

Talvez meu mundo continue sendo "um mundo a parte", mas hoje certamente minha realidade é mais próxima da de uma matilha do que qualquer outra coisa. Com dois cachorros e dois homens vivendo nos mesmos 90m2, a "luta" constante para determinar quem é o líder da matilha tem sido o foco de nossas vidas.

Quem sabe isso não era a mudança que eu estava esperando para uma nova fase na minha vida? Não dizem que nossas vidas são ciclos de sete anos? Então tá na hora de entrar na nova fase. Definitivamente me sinto o "pai de família", mesmo que seja uma família peluda, que baba, morde, anda em quatro patas e faz xixi na rua.

Em todo caso, estou ainda apaixonado por todos, inclusive o cão humano com quem "disputo" a liderança. ;^)

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